Quando se fala dos álbuns de Steven Wilson lembra-se logo ou dos trabalhos extremamente psicodélicos que alçaram sucesso na época do fim do Pink Floyd, ao exemplo de The Sky Move Sideaways; ou, por outro lado, lembra-se de sua fase que flertava ora com um pop moderno à Coldplay, cheio de minuncias sonoras e músicas excessivamente bem construídas, ou pelo seu quase oposto dialético, o metal quase que wagneriano de álbuns como In Absentia, que a banda fizera com tamanho perfeccionismo que é capaz de mais lembrar um álbum de pop do que um álbum de heavy metal.
Signify se apresenta como um álbum que fica no limbo estético entre todas as fases da banda, ficando num estranho mix entre algo que é psicodélico sem ser surreal; pesado sem as distorções clássicas; sintético com uso recorrente dos instrumentos duma banda de rock comum; e, sobretudo, progressivo que soa mais alternativo do que qualquer outra coisa.
Dizendo isto pode soar como uma banda nova que não sabe o que estar a fazer, no entanto, resumir à isto seria pedante. A experimentação do primeiro álbum do Porcupine Tree que não fora escrito só pelo cantor e multi-instumentista Steven Wilson é uma amalgama de ideias dissonantes muito bem coesa numa produção meticulosa, mixagem metódica e uma tracklist que valoriza a lógica entre cada uma das canções.
O álbum visto como um todo faz sentido ao ponto de um ouvinte que nunca ouviu outro trabalho da banda não notaria que estaria ouvindo algo com tons de experimentação se não fossem as canções instrumentais que cobrem boa parte do álbum, fruto do trabalho dos outros músicos que se juntaram ao que conhecemos como Porcupine Tree. Este álbum é quase que inteiro montado sobre os instrumentais, que soam muito diferente dos trabalhos anteriores da banda. Aqui, há pouco de space rock ou de synths; isto fora substituído por seções de baixo e guitarra que soam muito bem.
Outra coisa que denotaria certo experimentalismo para além da organização do álbum são o conteúdo das canções em si. Vão de algo spoken word, ao instrumental meio ambiente, meio psicodélico, meio alternativo; há faixas não instrumentais que começam baixas e tem um refrão explosivo; há faixas que soam agradáveis e um tanto quanto pop; há faixas que lembram Pink Floyd na fase do David Gilmour; faixas que soam mesmo como uma versão moderna dos Beatles... é um tanto quanto estranho de descrever, mas elas fazem sentido.
De qualquer forma, a minha recomendação do álbum é quase certa para qualquer fã de rock progressivo. Sendo chato ou incrível será dependente do gosto do leitor, porém prometo que não será de todo batido ou de alguma forma esquecível.
Nota: 4.5/5
- Tomorrow.
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